Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de
Hollanda Lima. Este é o nome do primeiro oficial de nossas Forças Armadas a vir
a público falar sobre impressionantes atividades de pesquisas ufológicas
desenvolvidas secretamente no Brasil.
Conhecido por todos como Hollanda, o
coronel reformado da Aeronáutica, ainda quando era capitão, comandou a famosa e
polêmica Operação Prato, realizada na Amazônia entre setembro e dezembro de
1977. Por determinação do comandante do 1º Comando Aéreo Regional (COMAR), de
Belém (PA), Hollanda estruturou, organizou e colheu os espantosos resultados
desse que foi o único projeto do gênero de que se tem notícia em nosso país, e
provavelmente um dos poucos no mundo.
Em 1997, ocorreu a histórica entrevista
de Hollanda à Revista UFO. Seu conteúdo é chocante e mostra duas coisas com
excepcional clareza: primeiro, a que ponto a Força Aérea Brasileira (FAB) chegou
em sua determinação de conhecer o Fenômeno UFO, através de uma equipe de
militares. Segundo, a coragem do chefe de tal equipe em empreender uma operação
inédita e arriscada, mas que foi coroada de êxitos – que, infelizmente, são do
conhecimento de pouquíssimos brasileiros. Hollanda era um militar ímpar, homem
de fibra e resolução, que talvez tenha sido o único do mundo a passar pelas
experiências que viveu na Floresta Amazônica – justamente no comando de um
programa oficial, e não de uma aventura qualquer. Homem extremamente objetivo,
impressionantemente culto e com vívida memória de inúmeros episódios de sua
carreira militar – especialmente em relação à Ufologia –, Hollanda recebeu a
Revista UFO em seu apartamento em Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, para uma
longa e proveitosa entrevista, em junho de 1997. Das 48 horas em que o editor A.
J. Gevaerd e o co-editor Marco Antonio Petit passaram em sua residência,
colheram uma valiosíssima quantidade de informações ufológicas inéditas e
assustadoras. Sua atitude de quebrar um silêncio militar de 20 anos sobre o
assunto não se deu por acaso.
Revelação e
repreensão
Hollanda confessou que acompanhava discreta mas
entusiasmadamente as atividades da Ufologia Brasileira desde o surgimento de
Ufo, em 1985. Já naquela época, oito anos após a realização da Operação Prato, e
ainda com memória fresca sobre os inúmeros casos ufológicos que viveu, a então
revista Ufologia Nacional & Internacional, antecessora de Ufo, recebeu de
uma fonte confidencial ligada à Aeronáutica uma série de fotos de naves
alienígenas que teriam sido tiradas pela FAB, na Amazônia. Pouco ou nada, além
disso, sabíamos sobre esse material, mas mesmo assim o publicamos.
Sabíamos
na época, e Hollanda depois nos
confirmou – que eram fotografias secretas, obtidas oficialmente pelos militares
que compunham a Operação Prato. Esse material tinha que ser publicado a todo
custo, para que a Comunidade Ufológica Brasileira soubesse de sua existência,
mesmo que isso pudesse trazer problemas legais para a revista. E trouxe: tal
atitude resultou em repreensão do editor da revista por um certo comando
militar. De qualquer forma, as fotos e um texto sobre o pouco que
sabíamos na época a respeito da operação
foram publicados. Evidentemente, os oficiais que integraram a operação não
apreciaram tal fato, em especial o comandante do 1º COMAR, que havia determinado
a criação do projeto e estabelecido que o mesmo fosse mantido em segredo. Mas
nenhum militar foi punido em razão da publicação daquele material em
Ufologia Nacional & Internacional, pois nunca se soube quem era nossa
fonte de informação. Não era Hollanda, ao contrário do que muitos
pensaram.
Sede do 1º Comando Aéreo Regional, em Belém
do Pará. Desta instalação saiu a
primeira pesquisa dos UFOs
na amazônia,
que lançou
vários militares frente
a frente com as
naves
Apesar das dificuldades inerentes a uma
revelação como aquela, nos primórdios de nossa trajetória, nossos leitores
tomaram conhecimento de que uma missão de investigação oficial de objetos
voadores não identificados, conduzida pela FAB, foi realizada na Amazônia em
sigilo, resultando em experiências diversas vividas pelos militares envolvidos e
na confirmação não só da realidade do fenômeno em si, mas também de sua origem
extraterrestre. Nem o próprio Hollanda, que não conhecíamos na época, chegou a
se irritar com a publicação do material, pois julgou importante que todos
soubessem dos fatos, como admitiu anos depois, na entrevista que daria à Revista
Ufo, em 1997. “A publicação fez seu papel, doa a quem doer. Tem gente que
não gostou, é claro. Mas, assim como eu, vários outros militares acharam que a
medida foi acertada”, disse Hollanda ao editor Gevaerd.
Alguns meses
depois, já baixada a poeira, Hollanda, ainda com patente de capitão, passou a
acompanhar as edições da revista, discretamente, constatando de longe a
seriedade do trabalho desenvolvido pela Equipe Ufo. Nosso interesse por
informações mais detalhadas sobre a Operação Prato nos levou a contatá-lo em
Belém, em 1988, em seu posto no 1º COMAR. O capitão nos recebeu com formalidade,
mas amigável. Evidentemente, não pôde nos dar os dados que buscávamos, mas notou
nossa insistência em ver o assunto disseminado através da publicação. Por isso,
tentamos ainda um novo contato no início dos anos 90, já no Rio de Janeiro,
quando o oficial estava em vias de se aposentar. Nessa ocasião, num encontro
casual, trocamos algumas idéias sobre o Fenômeno UFO, mas nada mais consistente.
Ainda não seria dessa vez que teríamos conhecimento dos detalhes das descobertas
da FAB na Amazônia.
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A hora certa chegaria em
junho de 1997, por iniciativa do próprio Hollanda, motivado por uma reportagem
que assistira no programa Fantástico. Numa matéria específica sobre o sigilo
imposto aos discos voadores pelos governos – especialmente no Brasil –, o editor
de Ufo declarou fatos sobre a Operação Prato e mostrou alguns poucos documentos
que a equipe tinha na época. Na segunda-feira imediatamente após o programa ter
ido ao ar, Hollanda, já na reserva, viu que era hora de quebrar o
silêncio. |
Missão
cumprida
Aposentado desde 1992, ele
nos telefonou para elogiar a atuação da revista e para retomar o contato e
colocar-se à nossa disposição. Disse que já havia passado bastante tempo desde a
operação, e que julgava ter chegado a hora de romper o silêncio. “Estou na
reserva, cumpri minha missão para com a Aeronáutica. O que eles podem me fazer?
Prender? Duvido!”, disse, quando questionamos sobre a possibilidade dele
sofrer punições de seus superiores quanto à atitude de nos revelar os
fatos. |
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A decisão de Hollanda era corajosa e
absolutamente sem precedentes na Ufologia Brasileira. Nunca, em momento algum,
um militar tinha tomado tal resolução. Assim, com seu consentimento, colocamos o
repórter e editor do Fantástico Luiz Petry e a jornalista Bia Cardoso, da
Manchete, em contato com ele. Esses profissionais foram os primeiros a chegar em
Cabo Frio e entrevistar Hollanda. Com isso, cumpríamos nossa obrigação de
informar à imprensa fatos significativos dentro do mundo ufológico. Tínhamos
consciência de que, por mais que pudéssemos – e fôssemos tentados – a guardar
para a Revista Ufo a exclusividade de tais informações, numa espécie de “furo”
mundial de reportagem, não tínhamos esse direito. Ufo tinha, sim, a obrigação de
dar todos os detalhes, todas as minúcias ao seus leitores. Mas a imprensa
precisava levar tais fatos, ainda que de maneira bem mais reduzida, à toda
população. Seguindo esse mesmo princípio, a publicação consentiu que a
entrevista que fez com Hollanda fosse inúmeras vezes reproduzida em revistas e
sites da internet, em todo o mundo.
Mais do que um entrevistado, Hollanda
transformou-se num querido amigo de vários integrantes da Equipe Ufo e aceitou,
sem vacilar, o convite que formulamos para vir a ser um dos consultores da
publicação, o que não chegou a se efetivar em razão de seu suicídio. Experiência
não lhe faltava, pois, em seus quatro meses de Operação Prato, além de muitos
outros passados na selva em missões onde o Fenômeno UFO estava presente, teve a
oportunidade não apenas de conhecer detalhes íntimos sobre o assunto, mas de
viver pessoalmente dezenas de espetaculares experiências com objetos enormes e à
curta distância. |
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Naves de 30
andares
Hollanda se recorda dos detalhes de
ocorrências assustadoras passadas na selva, onde avistou diversos UFOs, desde
“objetos cilíndricos do tamanho de prédios de 30 andares, que se aproximavam a
não mais do que 100 m de onde estava”, disse, até as enigmáticas e onipresentes
sondas ufológicas. Na época em que o entrevistamos, Hollanda estava casado pela
segunda vez e vivendo uma vida pacata de aposentado em Cabo Frio, após 36 anos
de atividade militar – nos quais desenvolveu funções que vão desde chefe do
Serviço de Intendência do 1º COMAR a comandante do Serviço de Operações de
Informação (A2) e coordenador de Operações Especiais de Selva.
Hollanda
era um homem realizado – poucos tiveram a vida que ele teve. E era bastante
franco também. “Gevaerd, a Operação Prato tinha o objetivo de desmistificar
aqueles fenômenos na Amazônia. Eu mesmo era cético a respeito disso”, disse,
logo no princípio da entrevista, informando que ele fora designado por conhecer
como nenhum outro militar a região afetada. “Mas depois de algumas semanas
de trabalho na área, quando os UFOs começaram a aparecer de todos os lados,
enormes ou pequenos, perto ou longe, não tive mais dúvidas”, desabafou,
admitindo que se convenceu da realidade dos fatos na Amazônia.
É esse
incrível personagem, agora eterna referência na Ufologia, quem deu a maior
contribuição que essa disciplina receberia em nosso país, em mais de cinco
décadas de atividades. Porém, a Comunidade Ufológica Brasileira mal chegou a
conhecer o homem a quem passou a dever tanto desde junho de 1997, quando ele
resolveu romper o sigilo. Quatro meses depois, em 02 de outubro, o coronel
Uyrangê Hollanda cometeu suicídio. Tinha feito outras três tentativas
anteriores, pois era vítima de depressão – sendo que, da última, adquiriu um
problema na perna que o levara a andar mancando. O coronel deixou filhos de seus
dois casamentos, em Belém e no Rio de Janeiro.
Hollanda foi-se desse
mundo sem saber que enorme benefício o causara. Talvez, se a primeira parte de
sua entrevista tivesse sido publicada um pouco antes, ele se sentiria menos
deprimido ao ver o respeito com que seus depoimentos e sua coragem foram
tratados na Revista Ufo.
Veja a entrevista na
íntegra
Ufo — Coronel, o senhor é o
primeiro militar a vir a público e admitir tudo o que pretende uma entrevista
como essa. Quais são as razões para isso?
Hollanda — Em 1977, quando
ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela
imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época,
porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia
revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas
depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a
Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me
competia julgar, na época, se isso era certo ou errado.
Ufo — Então o senhor evitou falar sobre a
Operação Prato esse tempo todo?
Hollanda — Eu não podia falar. E também não
tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e fui
procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt [Autor do livro Perigo
Alienígena no Brasil, código LV-14 da Biblioteca Ufo]. Conversamos muito em off.
Minha posição como militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação
difícil de se explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse
assunto sem autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto
menos do ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra
oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo assim, após o encerramento da
Operação Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países, mas
nunca falei nada a respeito.
Ufo — O senhor se reformou da FAB em 1992. Não
passou pela sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos?
Hollanda — Eu apenas conversava com eles, sem entrar em detalhes. Conversei
muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona Irene Granchi, com
Rafael Sempere Durá e outros. Mas nunca disse que queria falar à televisão ou
coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca me interessei. Hoje
penso diferente: acho que já deve ser dito alguma coisa sobre a Operação Prato.
Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou fazer 60 anos daqui a
pouco. De repente posso morrer, e aí a história se acaba…
Ufo — Por ter
procurado a Revista Ufo para dar essas declarações, quer dizer que confia que
ela irá fazer um trabalho sério de divulgação sobre o que o senhor está falando?
Hollanda — No fim dos anos 80, começo dos 90, estive conversando com você
[Dirigindo-se a Gevaerd] e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que
falamos em sua revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não
poderia ficar escondido. Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração
formal. O que saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de
complicação na época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava
na reserva e a coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E
por saber de sua seriedade, da Revista Ufo e de seus demais membros, hoje sinto
mais tranqüilidade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo.
Não creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para
aumentar suas vendas.
Ufo — Obrigado pela confiança,
coronel. Mas como é que tudo começou? Qual foi o estopim inicial de seu
interesse por Ufologia? Foi anterior à Operação Prato?
Hollanda — Em 1952 eu
tinha 12 anos e estava na janela de minha casa, em Belém (PA), quando apareceram
uns objetos muito grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre
a cidade. No dia seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia
que aquilo tinha parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato
de natação, e todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas,
bem antes de ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em
vida extraterrena e na possibilidade de “eles” terem a curiosidade de nos
observar. Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar interesse de
extraterrenos.
Ufo — O senhor chegou a se engajar na
Aeronáutica por causa de seu interesse pela vida fora da Terra?
Hollanda —
Não. Sempre tive uma paixão muito grande pela aviação e pela vida militar. Como
aviador da FAB, cheguei a ser chefe do Serviço de Intendência, no qual tinha
muitas atribuições. Minha função era dar suporte administrativo e financeiro
para ações do comando ao qual servia. Também fui chefe de operações do Serviço
de Informações do meu comando. Era uma tarefa ligada à segurança do Estado, que
combatia aos movimentos subversivos durante a efervescência e após a Revolução
de 64. Batalhávamos contra as ações de terroristas e de partidos comunistas que
tentavam se infiltrar no país.
Ufo — Consta em seu currículo
também uma função bastante interessante, como chefe do Serviço de Operações
Especiais de Selva. O senhor deve ter muitas experiências para contar.
Hollanda — Sim. A FAB tinha como projeto fazer um “colar de fronteiras”. Era
idéia do inteligentíssimo brigadeiro João Camarão Teles Ribeiro, que tinha muito
conhecimento da Amazônia. Ele queria formar pontos-chave por todas as
fronteiras, construir campos de pouso de 200 em 200 km ao lado de missões
religiosas protestantes ou católicas, e assentar lá agrupamentos que dessem
assistência aos índios. A FAB daria suporte a tudo isso. Eu trabalhei nessa
operação como pára-quedista, pois gostava muito desse tipo de atividade.
Ufo — O senhor efetuou muitas missões
na selva? E apareciam muitos índios?
Hollanda — Eram muitas tribos
indígenas, com muitos de seus componentes abrindo áreas na mata para construção
de campos. Alguns eram aculturados, outros não. Mas a gente sempre trabalhava em
algumas missões em contato com eles. Nessa época, as ações do Parasar sempre
estavam em alta [Parasar significa Parachute Search and Rescue, termo em inglês
para Pára-quedismo e Salvamento]. Eu era um pára-quedista responsável por ações
de busca e salvamento na selva.
Ufo — Durante essa época, o senhor
tomou conhecimento de algum tipo de descoberta relacionada à arqueologia ou
alguma observação feita por militares na Amazônia, ligada a esse tipo de
programa?
Hollanda — Sim, alguns colegas tiveram experiências do gênero,
principalmente um amigo meu, que relatou que estava sobrevoando a selva e ficou
surpreso ao ver uma formação piramidal coberta pela vegetação, no meio do nada.
Parece que ali tinha existido algum núcleo de uma civilização muito antiga e que
fora abandonada, tendo a selva tomado conta de tudo. Mas havia uma formação
piramidal nítida, com ângulos perfeitos no Amazonas. Só não posso precisar
exatamente onde. Mas, se não me engano, foi na região do Rio Jaguari. Isso me
foi relatado pelo coronel Valério.
Ufo — Coronel, agora que sabemos
bastante sobre sua atividade na FAB, vamos falar de Ufologia. Qual foi sua
primeira participação na pesquisa ufológica oficial dentro da Aeronáutica? Foi a
Operação Prato ou já havia alguma coisa antes disso?
Hollanda — Não, de
minha parte não. Minha atividade era somente a segurança do Estado e as coisas
que envolviam o comprometimento da segurança nacional. Não tinha nada a ver com
UFOs ou seres extraterrestres. Mas eu já tinha conhecimento de alguns casos
acontecendo na Amazônia.
Ufo — Esses casos atraíam, de alguma
maneira, interesse ou preocupação por parte das Forças Armadas, como se fossem
uma ameaça externa à soberania nacional?
Hollanda — Não eram vistos como
ameaça externa. Os UFOs eram encarados mais como um fenômeno duvidoso. Alguns
oficiais – talvez até a maioria deles – viam os UFOs como uma coisa improvável e
faziam muita gozação a respeito. Faziam tanta brincadeira que acho que foi sorte
essa Operação Prato sair. Acho que só aconteceu mesmo porque o comandante do 1º
COMAR, brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, na época, tinha muito interesse
nisso e acreditava em objetos voadores não identificados. Se não...
Ufo — Como surgiu a idéia da Operação
Prato? Foi um projeto seu, do comandante do 1º COMAR ou uma coisa do Governo?
Hollanda — Eu não estava em Belém nessa época. Embora estivesse servindo na
cidade, fazia um curso em Brasília. Mas, quando retornei, apresentei-me ao chefe
da Segunda Seção do 1º COMAR, o coronel Camilo Ferraz de Barros, e ele me
perguntou se eu acreditava em discos voadores. Foi meio de surpresa. Eu nem
sabia que estava ocorrendo uma pesquisa sobre o assunto. Quando respondi que
sim, ele falou: “Então você está designado para este caso”. E me deu uma pasta
com o material. Era o início da operação, da qual eu ficaria encarregado, embora
nem nome ainda tivesse.
Ufo — De onde veio a idéia de a
operação se chamar Prato?
Hollanda — Essa idéia foi minha. Dei esse nome
porque o Brasil é o único país no mundo que chama UFO de disco voador. Em
francês é soucoupe volante, que significa pires. Os portugueses o chamam de
prato voador. Na Espanha é platillo volador, e platillo é prato também. Enfim,
até em russo se fala prato, nunca disco, como se faz no Brasil! E como nas
Forças Armadas a gente nomeia algumas operações com uma espécie de código, esse
caso não podia ser exceção, ainda que não pudesse ser identificado o objetivo da
operação. Por exemplo, não poderíamos chamá-la de Operação Disco Voador. Por
isso, ficou Operação Prato.
Ufo — Se o senhor recebeu uma pasta de
seu chefe, então quer dizer que já estava em andamento alguma investigação a
respeito?
Hollanda — Sim, quando eu cheguei de Brasília já havia agentes
sendo enviados para investigar as ocorrências de objetos voadores não
identificados, porque essa coisa já estava acontecendo há muito tempo na região
de Colares, que é uma ilha pertencente ao município de Vigia, no litoral do
Pará. O prefeito da cidade mandou um ofício para o comandante do 1º COMAR
avisando que os UFOs estavam incomodando muito os pescadores. Alguns deles não
conseguiam mais exercer sua atividade, pois os objetos sobrevoavam suas
embarcações. Às vezes, certos UFOs até mergulhavam ao lado delas, nos rios e
mares, e a população local passava a noite em claro. As pessoas acendiam
fogueiras e soltavam fogos para tentar afugentar os invasores. Foi o pavor que
fez com que o prefeito se dirigisse ao comando do 1º COMAR solicitando
providências, e o brigadeiro mandou que eu fosse investigar as ocorrências.
“ O Uyrangê Hollanda era um homem
determinado e obstinado em descobrir a origem do fenômeno que se abatia sobre o
litoral do Pará ”
— Daniel Rebisso
Giese
Ufo — Em algum momento houve a
participação ou instruções do comando da Aeronáutica, em Brasília, para que a
situação fosse averiguada?
Hollanda — Na época, eu não participava das
discussões. Era apenas um capitão e recebia ordens somente. Eu não fiz parte
desse trâmite e não sei como as decisões foram tomadas ao certo. Mas, pelo pouco
que sei, a decisão foi do comando do 1º COMAR. Se houve envolvimento de
Brasília, não tomei conhecimento…
Ufo — Como é que o senhor estruturou a
Operação Prato? Quantas divisões, pessoas ou missões teriam que ser
empreendidas? Enfim, como o senhor organizou todas as tarefas?
Hollanda —
Bem, nós éramos uma equipe, e eu era o chefe dela. Tínhamos cinco agentes, todos
sargentos, que trabalhavam na segunda seção do 1º COMAR. Além disso, tínhamos
informantes aos montes, gente nos locais de aparição das luzes, em campo, que
nos ajudava. Às vezes eu dividia a equipe em duas ou três posições de observação
diferentes na mata. Claro que ficávamos constantemente em contato uns com os
outros, através de rádio.
Ufo — Qual era o objetivo imediato da
Operação Prato? Observar discos voadores, fotografá-los e contatá-los?
Hollanda — Olha, eu queria mesmo é tirar a prova dessa coisa toda. Queria
botar isso às claras. Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os
apelidavam com nomes populares, tais como chupa-chupa. E a FAB precisava saber o
que estava realmente acontecendo, já que isso se dava no espaço aéreo
brasileiro. Era nossa a responsabilidade de averiguar. Mas, no início da
Operação Prato, eu queria mesmo era uma confirmação do que estava acontecendo.
Ufo — O que motivou a população local
a chamar as luzes de chupa-chupa?
Hollanda — Havia uma série de relatos de
pessoas que tinham sido atingidas por um raio de luz. Todas julgavam que o
efeito sugava-lhes o sangue. E realmente! Verificamos alguns casos e descobrimos
que várias delas, principalmente mulheres, tinham estranhas marcas em seus seios
esquerdos, como se fossem dois furos de agulha em torno de uma mancha marrom.
Parecia queimadura de iodo. Então as pessoas tinham o sangue sugado, em pequena
quantidade, por aquelas luzes. Por isso passaram a apelidá-los de chupa-chupa ou
apenas chupa. Era sempre a mesma coisa: uma luz vinha do nada e seguia alguém,
geralmente uma mulher, que era atingida no seio esquerdo. Às vezes eram homens
que ficavam com marcas nos braços e nas pernas. Na verdade, a cada dez casos,
eram mais ou menos oito mulheres e dois homens.
Ufo — E vocês documentaram as marcas
verificadas nas pessoas?
Hollanda — Sim, foi tudo visto e analisado por
médicos, que às vezes iam conosco aos locais. Sinceramente, eu entrei nessa como
advogado do diabo. Queria mesmo era desmistificar essa história e dizer ao meu
comandante que essa coisa não existia, que era alucinação coletiva, sei lá.
Achava que alguma coisa estava sendo vista, mas que não era extraterrestre...
Ufo — O senhor imaginava que fosse o que, então, aquilo que estava sendo
visto e até atacando as pessoas?
Hollanda — Não sei bem. Talvez a plumagem
de uma coruja refletindo a luz da lua ou alguma outra coisa dessa natureza. Até
acreditava em extraterrestres, mas não que as pessoas os estivessem vendo. E eu
fui para lá verificar se era realmente isso. Passei pelo menos dois meses
respondendo ao meu comandante, quando voltava das missões, que nada havíamos
descoberto. Eram os primeiros dois meses da Operação Prato, nos quais nada vi
que pudesse mudar minha opinião. Às vezes passava uma semana no mato e voltava
apenas no domingo, para conviver um pouquinho com a família. A cada retorno, meu
comandante perguntava: “Viu alguma coisa?” E eu sempre respondia: “Vi luzes
estranhas, mas nada extraterrestre”. De fato, víamos luzes que piscavam, que
passavam à baixa altitude, mas nada muito estranho.
Ufo — Isso era durante a noite. E o
que acontecia de dia? Vocês tinham alguma outra atividade incorporada à Operação
Prato?
Hollanda — Sim, tínhamos outras coisas a fazer, que eram parte dos
objetivos da operação. Fazíamos entrevistas com pessoas que tiveram
experiências, preparávamos os locais para passar a noite e buscávamos lugares
quentes para fazer vigílias. Quando descobríamos que algo aparecera em tal
lugar, para lá nos deslocávamos. Fazíamos um levantamento da situação, e sempre
cadastrávamos os nomes dos envolvidos em um formulário próprio.
Ufo — Que procedimentos ou metodologia
eram utilizados na coleta de informações?
Hollanda — Sempre colocávamos o
nome da pessoa que teve a experiência, o local onde ocorreu, horário etc.
Fazíamos uma descrição de cada fato ocorrido. Assim, se acontecessem três casos
numa noite, ouvíamos três testemunhas. Algumas das descrições eram comuns,
outras mais estranhas. Às vezes recebíamos relatos de coisas que não podíamos
comprovar a autenticidade, como desmaterialização de paredes inteiras ou de
telhados, por exemplo.
Ufo — O senhor tem algum caso para ilustrar esse
tipo de ocorrência?
Hollanda — Sim. A primeira senhora que entrevistei em
Colares, por exemplo, me disse coisas absurdas. Tínhamos saído de helicóptero de
Belém só para ouvirmos uma mulher que tinha sido atacada pelo chupa-chupa. Vi
que ela tinha realmente uma marca no seio esquerdo. Era marrom, como se fosse
uma queimadura, e tinha dois pontos de perfuração. Quando conversamos,
relatou-me que estava sentada numa rede fazendo uma criança dormir quando, de
repente, o ambiente começou a mudar de temperatura. A senhora achou aquilo
esquisito, mas nem imaginava o que iria ocorrer a seguir. Então, deitada na
rede, viu que as telhas começaram a ficar avermelhadas, em cor de brasa. Em
seguida, ficaram transparentes e ela pôde ver o céu através do telhado. Era como
se as telhas tivessem se transformado em vidro. Ela via o céu e até as estrelas.
Ufo — Histórias bizarras como essa
eram muito comuns durante a Operação Prato?
Hollanda — Muito, e me
assustavam bastante, porque nunca tinha ouvido falar dessas coisas. Quando ouvia
casos assim, ficava cada vez mais preocupado e curioso. Essa gente parecia ser
sincera. Por exemplo, através do buraco que a mulher descreveu ela viu uma luz
verde brilhando no céu. A senhora então ficou meio dormente, até que, em
seguida, um raio vermelho que saiu do UFO atingiu seu seio esquerdo. Era curioso
que na maioria das vezes as pessoas eram atingidas do lado esquerdo. E tem mais:
exatamente na hora em que estávamos falando disso, uma menina chegou perto e
disse: “Olha, aquilo está passando aqui em cima”. Quando saí da casa, vi cruzar
a luz que a moça estava apontando, numa velocidade razoável, ainda que o céu
estivesse bastante encoberto. Não era muito veloz e piscava a cada segundo,
dirigindo-se ao norte. Parecia até um satélite, só que essa luz voltou em nossa
direção – e satélites não fazem isso! Logo em seguida, aquilo ficou mais
estranho ainda. Mesmo assim, não poderia dizer se era uma nave extraterrestre.
Aliás, eu não estava lá para classificar qualquer coisa que surgisse como sendo
disco voador.
Ufo — Vocês utilizavam algum tipo de
equipamento de radar que pudesse confirmar ou fazer acompanhamento desses
fenômenos?
Hollanda — Não. Todos os aeroportos têm radares fixos. Nós não
portávamos nada desse tipo.
Ufo — Os ataques que estavam
acontecendo com certa freqüência eram comunicados ao Governo, às autoridades
estaduais ou municipais?
Hollanda — Sim, claro. Vários médicos da Secretaria
de Saúde do Pará foram enviados pelo Governo para examinar as pessoas. Eles
analisavam o lugar queimado e tomavam depoimentos dos pacientes, mas não faziam
mais nada – nem tinham como. Algumas vítimas se recuperavam facilmente. Outras
ficavam muito apavoradas. Havia umas que diziam ficar enjoadas, com o corpo
dormente por vários dias. Um cidadão uma vez veio me procurar para dizer que
próximo à sua casa tinha surgido uma luz, que focou um raio brilhante em sua
direção. Ele me relatou ter ficado tão apavorado que correu para dentro da casa,
pegou uma arma e apontou para a luz. Aí veio outra ainda mais forte que fez com
que ele caísse. O pobre coitado passou uns 15 dias com problemas de locomoção,
mas não houve nada mais sério. Ele não foi atingido por nada sólido, como um
tiro, por exemplo. Parece que a natureza dessa luz é uma energia muito forte,
que deixa as pessoas sem movimento. Acredito que as autoridades federais estavam
informadas de que esse tipo de ataque a humanos estava acontecendo na região,
mas desconheço provas. Eu apenas recebia ordens de meu comandante, mais nada.
Ufo — Se esses depoimentos foram
coletados desde o início da Operação Prato, quando foi que o senhor teve seu
primeiro contato frente a frente com objetos voadores não identificados naquela
região?
Hollanda — Foi bastante significativo. Certa noite, nossa equipe
estava pesquisando na Ilha do Mosqueiro, num lugar chamado Baía do Sol, pois
havia informações de que lá estavam acontecendo casos. Era um balneário
conhecido de Belém, bem próximo a Colares, e como estávamos investigando todo e
qualquer indício de ocorrências ufológicas, fixamo-nos no local. Nesse período,
os agentes que tinham mais tempo do que eu nessa operação – já que peguei o
bonde andando –, questionavam-me o tempo todo, após vermos algumas luzinhas, se
eu já estava convencido da existência do fenômeno. Como eu ainda estava
indeciso, diziam-me: “Mas, capitão, o senhor ainda não acredita?” Eu respondia
que não, que precisava de mais provas para crer que aquelas coisas eram discos
voadores. Eu não tinha visto, até então, nave alguma. Somente luzes, muitas e
variadas. E não estava satisfeito ainda.
Ufo — Eles deram início à operação
antes e tinham visto mais coisas? Mas e aí, o que aconteceu?
Hollanda — Eles
avistaram mais coisas e acreditavam mais do que eu. E me pressionavam: “Como
pode você não acreditar?” Um desses agentes era o sub-oficial João Flávio de
Freitas Costa, já falecido, que até brincava comigo dizendo que eu era cético
enquanto uma dessas coisas não viesse parar em cima de minha cabeça. “Quando
isso acontecer e uma nave acender sua luz sobre o senhor, aí eu quero ver”,
dizia ele, sempre gozando de meu descrédito. E eu retrucava que era isso mesmo:
tinha que ser uma nave grande, bem visível, se não, não levaria em conta. E para
que fui dizer isso naquela noite? Acabávamos de fazer essas brincadeiras quando,
de repente, algo inesperado aconteceu. Apareceu uma luz, vinda do norte, em
nossa direção, e se aproximou. Aí ela se deteve por uns instantes, fez um
círculo em torno de onde estávamos e depois foi embora. Era impressionante: a
prova cabal que eu não podia mais contestar. Eu pedi e ali estava ela! Foi então
que levei uma gozada da turma. “E agora?”, os soldados me perguntaram.
Ufo — Quando foi isso, exatamente?
Hollanda — Em novembro de 1977, no meio da operação. O objeto tinha uma luz
que se parecia com solda de metal, como aquelas elétricas. Foi curioso, pois
quando era menino ouvia muitas histórias de coisas que a gente não conseguia
enxergar por possuírem luminosidade muito forte. E foi o que eu vi, junto à
minha equipe: uma luz azul, forte, de brilho intenso. Mas não vi a forma do UFO,
só a luz que ele emanava o tempo todo.
Ufo — Vocês conseguiram fotografar
esse objeto brilhante e sua emanação de luz?
Hollanda — Fotografávamos tudo
o que aparecia, mas levamos um baile durante uns dois meses com as fotos, pois
nelas não saía nada. Sempre tínhamos os objetos bem focalizados, preenchendo
todo o quadro da máquina, mas quando revelávamos os negativos, nada aparecia.
Pensávamos, às vezes, “ah, agora vai sair”. Mas nada. Isso acontecia com
freqüência, até que ocorreu um fato inusitado. Eu estava analisando os
positivos, muito chateado por não conseguir imprimir as imagens que víamos em
nossas missões, quando peguei uma lanterna que usava em operações de selva, e
fiz uma experiência. Foi a sorte.
Ufo — E o que aconteceu?
Hollanda
— A lanterna tinha uma luz normal e forte numa extremidade e uma capa vermelha
na outra, que servia para sinalização de selva. Era de um material
semitransparente de plástico, tipo luz traseira de carro. Tirando-se a tal capa
vermelha havia um vidro fosco. Eu olhei para aquilo e me lembrei que os médicos
examinam as radiografias num aparelho que tem um quadro opaco com luz por trás
[Radioscópio]. Esse equipamento ajuda a fazer contraste de luz e sombra numa
chapa de raio-X. Assim, tive a idéia de pegar um filme já revelado e contrapô-lo
ao vidro fosco da minha lanterna de selva. Foi então que pude ver um ponto que
não conseguia enxergar antes. Eu não estava procurando marca ou objeto algum, e
sim uma luz, pois foi isso o que vimos na selva ao batermos as fotos. Só que a
tal luz não aparecia, e sim o objeto por trás dela. No caso do rolo que estava
analisando, vi um cilindro, que aparecia em todos os demais fotogramas. Ficou
claro, então, que não conseguia imprimir a luz do objeto na foto, mas sim a
parte sólida dele, talvez por uma questão de comprimento de onda, não sei. Não
entendi por que a luz do UFO não impressionava aquele filme, somente a parte
sólida. Depois, concluímos que aquele objeto seria uma sonda em forma de
cilindro.
Ufo — Vocês fizeram muitas fotografias de UFOs como essas?
Hollanda — E como! Fizemos mais de 500. Eram dezenas de rolos de filmes, uma
caixa de papelão cheia deles. Em quase todos os fotogramas havia UFOs ou sondas.
E veja você que todos aqueles negativos ficaram na minha frente, por quase dois
meses de trabalho, e não conseguimos nada. Não saía luz alguma nas fotos. Aí,
depois do que descobri, fomos olhá-los novamente e havia imagens fantásticas.
Depois foi só mandar ao laboratório do 1º COMAR para ampliar e ver lindas sondas
e UFOs nas fotografias. Dezenas deles!
Ufo — Depois de sua descoberta vocês
fizeram novas fotos?
Hollanda — Sim, com a ajuda de um amigo chamado Milton
Mendonça, que já faleceu. Ele era cinegrafista da TV Liberal, de Belém, e
conhecia muito sobre fotografia. Pedi sua ajuda porque confiava bastante nele e
sabia que, participando da operação conosco, não ia comentar nada com ninguém.
Assim, informei o fato ao meu comandante, dizendo-lhe que estava com
dificuldades no processo técnico fotográfico, e ele autorizou Milton a entrar no
esquema. Ele foi conosco em algumas vigílias e sempre nos auxiliava. Até
instruiu-nos a usar filmes especiais, com recursos de infravermelho,
ultravioleta etc. Pedimos, pois, o material para nossos superiores, em Brasília,
e eles mandaram filmes ótimos. Com isso, passamos a ter melhores resultados.
Conseguimos fotografar, então, objetos grandes e com formatos que a gente nem
imaginava…
Ufo — Quanto à forma, qual era o
padrão mais comum que esses objetos apresentavam?
Hollanda — No início da
Operação Prato vimos o que todo mundo falava: sondas e luzes piscando.
Inclusive, tinha um padre norte-americano, chamado Alfred de La O, também
falecido, que nos dava descrições de sondas e objetos nesse formato. Ele era
pároco em Colares e falava de uma sonda que tinha visto várias vezes. Segundo
Alfred, ela era mais ou menos do tamanho de um tambor de óleo de 200 l. Essa
sonda apresentava um vôo irregular, não era uma trajetória segura. Voava como se
tivesse balançando, e emitia uma luz. Às vezes andava junto às outras, que iam e
vinham de um ponto a outro. Um dia, ela passou por cima de nós.
Ufo — Vocês chegaram a perceber algum
tipo de interação entre o que faziam e o comportamento do fenômeno?
Hollanda
— Essa pergunta é bastante interessante, pois aquilo era uma coisa muito
estranha. Eles, seja lá quem fossem, mostravam ter absoluta certeza de onde nós
estávamos e o que fazíamos. Parecia que nos procuravam, pois, quando menos
esperávamos, lá estavam, bem em cima da gente. Não mais do que um mês depois de
passarmos a conviver nos locais de aparições, essas sondas começaram a vir
sempre até nós. Às vezes, a gente se deslocava de um lugar para outro e lá iam
elas, acompanhado-nos quase o tempo inteiro, como se tivessem conhecimento da
nossa movimentação.
Ufo — Quer dizer então que os objetos
voadores não identificados, de alguma forma, pareciam se interessar pelas
atividades da Operação Prato?
Hollanda — Bem, pelo menos sabiam o que
estávamos fazendo. Por exemplo, no caso da Baía do Sol, aconteceu algo peculiar.
Naquela época já estava terminando o ano letivo e muita gente ficava na praia à
noite. Tinha pelo menos umas 100 mil pessoas na orla, naquele fim de semana. No
entanto, uma sonda veio para cima de nós, num lugar todo escuro onde não havia
mais ninguém. Oras, por que veio ao nosso encontro, na escuridão, se tanta gente
estava ali perto, na praia?
Ufo — Esse foi o primeiro grande
acontecimento ufológico envolvendo o senhor?
Hollanda — Não digo que tenha
sido grande, mas foi bastante significativo. Naquela ocasião voltamos para a
base do 1º COMAR pela manhã. Foi quando conversei com meu comandante e disse
que, pela primeira vez, algo estranho tinha acontecido.
Ufo — O senhor teve alguma reação
física desse acontecimento em seu organismo, algum problema resultante dessa
observação específica?
Hollanda — Naquele exato momento não, mas depois
notei que todos perdemos um pouco da acuidade visual. Com o tempo, minha visão
enfraqueceu ainda mais, tanto que passamos a usar óculos. Mas isso ocorreu em
razão de outras exposições que também tivemos mais para frente, em outros
inúmeros contatos.
Ufo — Coronel, após um caso como esse,
pelo que sabemos, vocês faziam um relatório completo, que era integrado à
Operação Prato. Mas vocês também se submetiam a algum tipo de exame médico?
Hollanda — Era feito um relatório do acontecimento, com hora, local,
coordenadas geográficas, mapeamento da região etc. Tudo bem descritivo. Mas
nunca tivemos que fazer exame médico, mesmo porque nunca tivemos qualquer
problema.
Ufo — Quando seu comandante recebeu a
notícia sobre o que aconteceu, como ele reagiu? Esses casos ufológicos foram se
repetindo? Do que mais o senhor se lembra para nos contar?
Hollanda — Bom,
como a Baía do Sol era um local muito favorável para observações de UFOs,
passamos a freqüentar a região com bastante regularidade. Tínhamos amigos no
Serviço Nacional de Informações (SNI) – que não têm nada a ver com isso – que
acompanhavam algumas de nossas missões. Os agentes eram nossos conhecidos,
tinham curiosidade, por isso iam conosco. Às vezes, saíam notícias a respeito em
um ou outro jornal local, fazendo com que muita gente em Belém comentasse sobre
esses avistamentos. Minha mulher [Do primeiro casamento, já falecida] e meu
irmão sabiam das coisas que eu estava fazendo. Mas além desse círculo, ninguém
de fora da base do 1º COMAR tinha ciência desses pormenores. Mesmo assim, pedia
sempre muita reserva à minha esposa e irmão. Tanto que eles nem perguntavam
detalhes.
Ufo — A população de Belém sabia que
havia uma operação da FAB na região?
Hollanda — Não. Mas sabia que nós
éramos da Aeronáutica e estávamos por lá atentos a tudo. Algumas pessoas sabiam
que existia uma operação, só não sabiam do nome nem dos resultados. Outras
tinham pequenos detalhes, como o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano
ser sargento, mas ninguém conhecia os resultados da missão. Nem bem o que
exatamente fazíamos. O que se desconfiava era que a gente estava examinando
algo. Só. No caso dos oficiais do SNI, quando me pediram para ir, disse que não
teria problema, mas que deveriam pedir autorização ao seu chefe [Na época, o
chefe do SNI em Belém era o coronel Filemon]. E o chefe deles autorizou, porém
não como uma missão do Serviço de Informação.
Ufo — O Serviço Nacional de
Informações chegou a desenvolver algum trabalho ufológico depois?
Hollanda —
Não. Os agentes só queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe.
Eles sabiam que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais de vigília.
E como confiavam em nossa experiência, seguiam-nos aos pontos mais prováveis de
avistamentos de UFOs. Um dia, junto ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol,
lá pelas 18h00, e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então num
lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No entanto, por
razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela noite, para estar em Belém às
20h00, pois tinha um compromisso. Por volta das 18h30 surgiram três pontos
luminosos alinhados muito alto no céu, em grande velocidade. E olha que eu
conheço avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da média. Os
pontos estavam voando no sentido oeste-leste. Quando deu 19h00, apareceram mais
dois estranhos objetos piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido
norte-sul.
Ufo — Qual foi a seqüência com que os
fatos se apresentaram?
Hollanda — Bem, o pessoal do SNI não chegava.
Tínhamos combinado às 18h00. Ficamos aguardando-os para que acompanhassem nossa
vigília. Assim, esperei apenas mais um pouco e começamos a desmontar o material,
pois não podíamos mais aguardar. Finalmente, chegaram e perguntaram se tinha
acontecido algo. Eu brinquei, dizendo ter marcado às 18h00 e eles só apareceram
às 19h00, numa referência ao fato de que ali passa UFO quase que de hora em
hora. E um deles fez então uma pergunta idiota: “A que horas passa outro?”
Respondi que não sabia e que aquilo não era bonde para ter horário. Falei ainda
que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando para ver UFOs. Nesse
momento, enquanto conversávamos, um deles disse: “Olha aqui em cima, agora. Olha
para o alto”. Foi aí que o herói brasileiro tremeu nas bases, porque tinha um
negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro, parado a não
mais que 150 m de altura, exatamente onde estávamos.
Ufo — Deve ter sido uma experiência
fantástica e aterrorizante. O objeto tinha luzes, emitia algum ruído, fez algum
movimento?
Hollanda — Ficou parado, mas tinha uma luz no meio, indo de
amarela para âmbar. E fazia um barulho como o de ar condicionado. Parecia com o
ruído de catraca de bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era
grande, talvez com uns 30 m de diâmetro. Olhamos para aquilo por um bom tempo,
até que começou a emitir uma luz amarela muito forte, que clareava o chão,
repetindo isso em intervalos curtos mais umas cinco vezes.
Ufo — Qual foi a reação que tiveram os
membros do SNI presentes aos fatos?
Hollanda — Não foi só o pessoal do SNI,
não. Todo mundo ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto algo assim, e olha
que já estava quase há dois meses nessa operação. Nunca aparecera uma nave dessa
forma para gente. Foi tão inusitado que nem lembramos de montar novamente a
máquina fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos embora. Também não
dava tempo, pois estava guardada em caixas próprias e demoraria para que fosse
retirada e montada. Só nos restava ficar olhando, assustados, para aquela coisa
que iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora acendia.
Ufo — Parece que estavam dando uma
demonstração a vocês, latejando dessa maneira estranha...
Hollanda — É. O
UFO fazia isso em intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era
uma luz progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia e voltava à
mesma intensidade. Estávamos até sentindo que alguma coisa podia acontecer, pois
estava escuro, era um local bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava
lá – só nós e “eles” [Risos].
Ufo — Houve alguma ocasião em que
outras equipes de diferentes órgãos do Governo participaram junto a vocês?
Hollanda — Não. O que eu sei é que houve um vazamento de informações sobre a
Operação Prato. Algumas pessoas comentaram sobre a incidência de avistamentos.
Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez em que uma
equipe do jornal O Estado do Pará foi para o lugar onde estávamos acampados e,
como sabia que agíamos na área, ficou na espreita. Na outra vez eles se
enganaram: foram a um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois
estávamos noutro. Numa dessas aventuras, eles chegaram a ver alguma coisa, porém
foi algo tão esquisito que jamais voltaram. Alguns repórteres juraram que nunca
mais fariam uma missão dessas. Eles viram uma luz se aproximando à baixa
altitude e pegaram o carro para chegar mais perto. A luz se dirigiu até onde
estavam e focou um raio em cima deles. Pelo que soube, o teto do carro ficou
translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto fez umas evoluções em cima do
automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em
página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as
testemunhas sumiram de carro – parece que algumas tiveram acesso de vômito e se
descontrolaram emocionalmente. Quem pode dar informação sobre esse fato é o
Ubiratan Pinon Frias, que era o piloto do Aeroclube de Belém.
Ufo — Com todos esses fatos
acontecendo e vocês mandando toda hora relatórios à sua chefia, em algum momento
perguntaram a ela se haveria possibilidade de informar a população sobre as
ocorrências da Operação Prato?
Hollanda — Não foi feita essa pergunta porque
a gente já sabia que não era possível que a população viesse a saber dos
acontecimentos. Não seria cabível essa dúvida ao meu comando, porque isso era
assunto reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao comandante, e
isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos que documentar, fotografar e
filmar os UFOs, se possível, e entregar tudo ao 1º COMAR. Daí para frente, o
destino que seria dado ao material era responsabilidade dele.
Ufo — O senhor tem idéia do que era
feito com todo esse volumoso material?
Hollanda — Os relatórios com
desenhos, fotos, croquis etc eram preparados, classificados, passados ao
comandante e arquivados no próprio 1º COMAR, numa sala reservada. Depois disso,
alguns iam para Brasília, segundo fui informado na época. No entanto, pelo que
sei, a reação dos altos escalões era de ceticismo – alguns colegas até brincavam
com os fatos.
Ufo — O senhor teve conhecimento de
que a FAB já teria instituído um sistema de pesquisa oficial quase 10 anos
antes, em 1969, chamado Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não
Identificados (SIOANI)?
Hollanda — Nessa época, em 1969, eu era tenente na
Base Aérea de Belém e foram distribuídos entre nós vários livretos informativos
sobre o assunto, pedindo para que os oficiais que se interessassem pelo tema
fossem voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só. Depois as
discussões morreram.
Ufo — Em algum momento houve
participação de militares norte-americanos pedindo informações ou detalhes sobre
o trabalho de vocês na operação?
Hollanda — Que eu saiba, não. Se isso
ocorreu foi em altas esferas e, como já disse, eu era apenas capitão. Não me
metia nessas coisas e nem podia saber nada a respeito.
Ufo — A incidência desse fenômeno na
Amazônia, durante a Operação Prato, chegou a ser diária?
Hollanda — Sim, era
diária e muito ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOs.
Conseguimos determiná-las e classificá-las. Algumas eram sondas, outras naves
grandes das quais saíam objetos menores. Filmamos tudo isso, inclusive as naves
pequenas voltando ao interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem
documentado.
Ufo — Quais eram os equipamentos que
vocês usavam para registrar esse movimento?
Hollanda — Tínhamos máquinas
fotográficas Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a 1000 mm, dessas
grandes. Era um terror trabalhar com elas, porque tinham um foco rapidíssimo.
Qualquer bobeada, qualquer movimento em falso, e perdíamos os UFOs. Mas eram
equipamentos de primeira. Também tínhamos filmadoras e gravadores, na
possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma coisa que pudesse ser
registrada.
Ufo — Vocês tinham expectativa dessas
naves entrarem em contato com vocês, se é que esse não era um dos objetivos da
operação?
Hollanda — Estávamos expostos a tudo. Para falar a verdade – e não
estou fazendo mistério –, podia acontecer qualquer coisa, no mato, na selva, nas
praias, em qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por obrigação,
tínhamos que agüentar tudo. O que quer que ocorresse teria sido no cumprimento
do dever.
Ufo — Vocês portavam armas nas
missões?
Hollanda — Não, em nenhum momento. Nunca pensei em levar arma, nem
mesmo por via das dúvidas. Não esperávamos que houvesse necessidade. Por isso,
nem pensamos nessa hipótese, mesmo quando estruturávamos a montagem da operação,
sua parte logística, de alimentação, transporte, comunicação etc.
Ufo — Mas houve algum momento dentro
da operação em que o senhor teria percebido que esse fenômeno pudesse ser
perigoso?
Hollanda — Uma vez, sim. Foi o aparecimento de algo muito forte,
tanto que quando essa coisa aconteceu eu tive medo de que pudesse se dar uma
abdução. Só comentei com algumas pessoas, e uma delas – meu amigo Rafael Sempere
Durá [Consultor da Revista Ufo] – chegou a me repreender gravemente por ter me
exposto a algo perigoso. “Seu maluco irresponsável. Você tem comandante. Mas sou
seu amigo e estou te proibindo de fazer uma coisa dessas”, disse, zangadíssimo,
quando soube o que aconteceu. O fato foi realmente grave. Durante a Operação
Prato, estávamos numa embarcação ancorada à margem do Rio Jari quando uma coisa
enorme parou a não mais que 70 m do barco.
Ufo — Quais as
características desse objeto que o senhor relatou?
Hollanda — Para responder
a isso, tenho que dizer porque nós estávamos lá. Bem, fomos ao local porque
tenho um amigo, que era oficial da FAB na época, o capitão Victor Jamianiaski,
descendente de poloneses radicado em Belém, que gostava muito de pescar e
freqüentava o local. Um dia, sabendo que a gente estava nessa investigação,
contou-me o caso de um rapaz que trabalhava apanhando barro para uma olaria
próxima dali. Essa olaria era de Paulo Keuffer, também de Belém. O rapaz se
chamava Luís e me contou um fato incrível. Disse que certo dia, enquanto colhia
barro, viu uma paca comendo restos de flores de uma árvore à beira do rio e a
acompanhou para caçá-la. Ele voltou à olaria, esvaziou o batelão [Embarcação de
7 a 9 m com motor de centro], aprontou uma espingarda e voltou ao local, onde
armou um acampamento em cima de uma árvore. Pendurou sua rede e ficou com
lanterna e espingarda preparadas para a chegada do animal.
Ufo — E aí, o que aconteceu?
Hollanda — Bom, quando ouviu um barulho, e pensou que era o animal, passou
por Luís uma luz muito forte que logo depois voltou e parou sobre onde estava.
Do centro da nave, descrita como sendo similar à cabine de um Boeing 737,
abriu-se uma porta ou algo assim e desceu um ser com forma humana. Luís disse-me
que não teria visto escada de corda, nem de metal, mas que a entidade tinha
descido através de um foco de luz, com os braços abertos. Quando o ser estranho
se aproximou, e Luís viu que estava correndo perigo, pulou fora e se escondeu
numa árvore próxima, mas ficou observando o que se passava. Então o ser chegou
com uma luz vermelha – que não era lanterna, mas estava na palma de sua mão –, e
examinou a rede deixada na árvore, como também o lugar onde estava e tudo mais,
mas não procurou Luís nem ficou vasculhando o local. O ser foi direto ao local
onde o rapaz tinha se escondido, morrendo de medo. Rapidamente, focou um raio de
luz vermelha em sua direção, fazendo-o correr para dentro da vegetação.
Ufo — O estranho ser percebeu de
alguma forma automática onde estava Luís e foi em sua direção. Não parece boa
coisa...
Hollanda — Pois é. Mas Luís saiu por uma margem do rio, tropeçando
em troncos e raízes, com dificuldade de caminhar e tudo mais. Aí o ser voltou
para a nave e a mesma passou a seguir o rapaz dentro do curso do rio, à baixa
velocidade e pouca altitude, talvez à altura da copa das árvores. Luís ia
devagar e nem conseguiu pegar o barco que estava mais à frente, como pretendia.
Não teve jeito: gritou e atraiu a atenção de algumas pessoas, que vieram a seu
encontro. Ao verem aquilo, pularam dentro d'água e ficaram observando a
distância, só com os olhos de fora. O que viram foi incrível. A nave parou em
cima do batelão, o ser desceu e examinou todo o barco, exatamente como fez com a
rede. Aí ele foi até a nave, a porta se fechou e o UFO disparou para longe.
Conversei com Luís no 1º COMAR e decidi ir ao local ver a situação. Ao chegarmos
lá, eram mais ou menos 19h00 e estava chovendo razoavelmente. Os agentes foram
para dentro da casa do zelador da olaria. Como chefe da equipe, não entrei.
Permaneci em alerta, esperando para ver se alguma coisa acontecia…
Ufo — E aí, o que aconteceu então do
lado de fora da olaria?
Hollanda — Olha, veio uma coisa escura, da qual não
pude ver a forma. Não sei se era discóide. Sei lá, só se via as luzes daquilo,
uma verde intensa e outra vermelha. Estranho era o barulho que aquele troço
fazia, como ar condicionado, porém bem mais forte. Parecia barulho de turbina,
como se houvesse uma coisa girando. O objeto passou em cima de onde estávamos,
mas em tão baixa altitude que não poderia ser um avião. Nenhum piloto faria
aquilo, pois estaria morto. Um vôo rasante daqueles já é perigoso demais num dia
claro, imagine com chuva e de noite. Aí eu gritei para minha equipe: “Acabei de
ver um treco muito estranho aqui”. Então entramos no barco e fomos para o tal
lugar onde Luís tinha tido o contato. Chegando lá, fomos até a árvore onde ele
havia caçado a tal paca. Ficamos todos ali embaixo. Mas com a maré enchendo, a
gente estava com a água cada vez mais alta...
Ufo — O jeito era subir numa árvore,
então, e aguardar os acontecimentos...
Hollanda — Era, pois a maré foi
subindo cada vez mais. Ficamos lá, em cima da árvore, aproximadamente umas 10
horas. Quando decidimos ir embora, fomos em direção ao barco, que estava parado
na outra margem, e guardamos o equipamento. Quando então que, a mais ou menos
uns 2000 m, veio cruzando o rio, de norte para o sul, uma luz muito forte, de
cor amarela, âmbar como o Sol, porém em baixa altitude. Aquilo estava em cima
das árvores e cruzou o rio na mesma posição que a anterior, praticamente onde
ficava a residência do vigia – no local onde eu a tinha visto pela primeira vez.
Ufo — Emitia o mesmo som de ar
condicionado ou era alguma vibração mais intensa?
Hollanda — Tinha som, sim.
Mas nos concentramos em filmar aquilo. Você pode ver no filme [Que, no entanto,
não foi mostrado porque o coronel não o possuía mais] uma tremedeira ou coisa
assim, e uma luz como se fosse de chama. Aparece também o rastro dela refletida
no rio. Isso tudo foi bem filmado.
Ufo — Quando vocês tinham algum
documento desse gênero, uma filmagem espetacular como essa, tal material não ia
para Brasília?
Hollanda — Ainda não. O filme ficava retido lá no 1º COMAR.
Depois é que Brasília solicitava o material. Eu não acho que eles acreditavam
muito nessa história, mas alguém lá queria vê-lo. Falava-se tanta coisa sobre o
assunto, mas ninguém queria se expor. Talvez alguém em Brasília pudesse dar
crédito para uma coisa dessas, mas tinha colegas lá que eram céticos. Outros
ficaram sabendo que os UFOs eram verdadeiros.
Ufo — Voltando à nave que vocês
estavam observando, às margens daquele rio, tal experiência deve ter sido
extraordinária.
Hollanda — Bom, foi mesmo. E nós registramos hora, altura,
direção, essas coisas todas que tinham que constar no relatório. Enquanto aquilo
estava lá, à nossa frente, eu pensava: “Agora mesmo é que não saio daqui. Agora
vamos ter que ficar”. Mas não tínhamos levado comida, café, água, nada. Não
tínhamos levado nada. O que veio a seguir é impressionante.
Ufo — E o que aconteceu?
Hollanda
— Como tínhamos que voltar lá para fazer as anotações necessárias, e não
havíamos levado nada, Luís se propôs a ir até sua casa – à beira do rio – para
nos trazer café, bolacha e água. Ele saiu com um barquinho em direção a uma
ilhota de uns 15 ou 20 m de largura, mas muito comprida. Um garoto de uns 9 anos
de idade foi com ele. Eles foram remando e sumiram nessa ilha. Logo que Luís
desapareceu ao longe, fiquei em pé em cima do toldo do barco. Enquanto isso, os
agentes comentavam sobre o que estava acontecendo, mas como eu era o chefe, não
podia me dar ao luxo de ficar conversando. Tinha que ficar alerta. Foi então
que, à minha esquerda, próximo ao início do rio, veio uma luz muito forte – a
mesma luz amarela. Enquanto ela se aproximava, fiquei quieto. E como aquela
claridade continuou se aproximando, chamei a atenção dos agentes para o
fenômeno.
Ufo — Esses agentes estavam equipados com máquinas
fotográficas para registrar o episódio?
Hollanda — Sim. Logo que notaram a
presença do objeto, prepararam máquina fotográfica, filmadora, tudo. Aquela
coisa veio em nossa direção, a uns 200 ou 250 m de altura. Cruzou por cima da
gente e quando chegou perto, na margem do rio, apagou-se. Era uma luz amarela e
muito forte, como se fosse um sol, e a gente não via seu formato, somente o
clarão. De repente, pudemos notar que objeto tinha uma forma estranha de bola de
futebol americano, pontuda e grande – de mais ou menos uns 100 m. Um aparelho
translúcido, com janelinhas em toda a sua extensão. Porém, não pude perceber se
havia alguém lá dentro, apesar de ter passado devagar como se fosse de
propósito. A filmadora estava acionada e como emitia um ruído, pedi para que o
agente que a estava manejando, um japonês, parasse de filmar, porque eu queria
tirar algumas dúvidas e não desejava interferência de sons. Então o cinegrafista
parou.
Ufo — Depois que ele desligou a
filmadora, foram ouvidos barulhos mais nítidos que identificaram aquele
fenômeno?
Hollanda — O cinegrafista perguntou: “Você está ouvindo?” Respondi
que sim. Era um barulho de catraca, esquisito e oscilante. Depois continuamos
filmando e fotografando, até que a coisa foi embora, seguindo rumo ao
continente. Isso aconteceu entre 11h00 e 11h30, conforme o relatório. Já faz
muitos anos, mas recordo-me do horário. Após esse episódio, comentamos sobre
aquele troço esquisito. Por volta de 01h00 ou 01h30 a luz voltou, só que não era
mais da cor do Sol. Era agora de um azul muito forte e acompanhou a margem
oposta do rio. Quando chegou perto da ilha, foi em direção a Belém, mas estava
muito baixa, passando sobre as copas das árvores.
Ufo — Essa foi a
situação mais complicada? O avistamento mais extraordinário dentro da Operação
Prato?
Hollanda — Foi. Aparentemente, a luz se aproximou de Belém, depois
voltou em nossa direção. Víamos através das copas das árvores que tinha uma luz
lá em cima e que ela havia penetrado a mata.
Ufo — Vocês chegaram a fazer cálculos
da distância em que o UFO permaneceu?
Hollanda — Como ele estava à nossa
frente, fui até lá por curiosidade e para colher dados exatos para o relatório.
Sua distância era de uns 70 m. Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho
muito forte, podia ser olhado diretamente sem que ardesse a vista. Não havia
nada, apenas aquela luminosidade forte. Um troço incrível. Ficamos parados a
observá-lo. Então fiquei com medo, porque estava muito próximo, do outro lado do
rio, ou seja, à mesma distância de uma trave à outra num campo de futebol.
Aquele objeto ficou parado durante uns três minutos. Enquanto isso, olhávamos em
silêncio. De repente, a luz se apagou rapidamente e pudemos ver o que estava por
trás dela.
Ufo — E o que era, coronel? Algum
objeto diferente?
Hollanda — Era novamente a bola de futebol americano em
pé, a uns 100 m de altura, parada e sem janela alguma. Devia ser o mesmo UFO, só
que com o interior apagado. Sei lá, alguma coisa desse tipo. Todo mundo ficou
com medo. Uma das pessoas ainda perguntou: “E agora? E se esses caras vierem e
carregarem a gente, como é que fica?” Tudo era novidade para nós e ninguém sabia
o que poderia acontecer dali para frente.
Ufo — Coronel, o senhor está a par do
fato de que esse tipo de ocorrência na Amazônia não é uma coisa comum em outros
lugares do mundo? Na sua opinião, por que essas naves insistiam tanto em
aparecer nas regiões Norte e Nordeste, principalmente na Amazônia?
Hollanda
— Não, não sabia que casos como esse eram raros. No meu ponto de vista, o qual
expus a alguns amigos, passei a me interessar muito mais pelo assunto depois que
terminei meu trabalho na Aeronáutica. Para mim, Ufologia é um assunto muito
sério. Descartava muita coisa acerca de avistamentos ufológicos, por nunca ter
visto nada que pudesse me dar certeza. Depois que vi uma nave, quis entender o
fenômeno, e como oficial de operações de selva quis tirar minhas próprias
conclusões. Mas não podia colocá-las no relatório, porque eram pessoais,
resultados de um estudo aprofundado... Tivemos muito contato com tribos
indígenas, por isso, preocupávamos-nos em não transmitir a eles doença de
espécie alguma, pois os índios não tinham anticorpos, ao contrário de nós.
Podíamos passar gripe, sarampo, difteria, tuberculose, enfim...
Ufo — Seria uma tragédia?
Hollanda
— Com certeza, porque nós temos controle em nosso corpo. Nosso organismo tem
defesas, e o deles não. Daí minha preocupação de que mesmo cumprindo a missão,
involuntariamente, tivéssemos transmitido doenças aos índios. Felizmente nunca
houve um caso desses. Não me lembro de ter prejudicado algum índio dessa
maneira. Concluí outra coisa a respeito de por que aqueles seres estariam
fazendo isso. Se eu fosse eles e precisasse de um aparecimento aberto, franco,
direto, o que teria que fazer? Proteger a mim e a meus companheiros. Mas como?
Sabendo o que cada um possui dentro de seu próprio organismo que possa danificar
o meu, entende? Essa defesa só poderia ser feita se tivesse uma amostra do nosso
sangue e tecidos. Não foi difícil imaginar que eles estivessem fazendo coleta de
material genético, para ver o que contínhamos que pudesse danificá-los num
contato futuro necessário, certo? Não só sangue, mas também nossas células. Não
sei ao certo o que essa luz com alta energia podia fazer, ou se transportava
partículas do corpo humano para serem analisadas mais tarde. Hoje ainda não
compreendo o tal processo de clonagem. Na época, não pensei em nada disso, a não
ser que eles estavam coletando material que pudesse prejudicá-los num possível
contato próximo.
Ufo — A população ribeirinha imaginava
que a intervenção deles seria uma agressão? Ela chegou a se armar para se
defender desse tipo de fenômeno?
Hollanda — Claro, eles imaginavam estar
sendo atacados por algum ser maldoso, como um vampiro ou morcego. Os populares
pensavam que eram coisas que vinham de fora, de outro planeta. Eles já viam
formas estranhas e luzes antes de mim. As naves também, pois demorou muito para
eu observá-las.
Ufo — A população ribeirinha dessas regiões andava
armada?
Hollanda — Sim, a população que vivia às margens do rio usava
foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça. Foi relatado na
Operação Prato que eles portavam armas. Alguns até atiravam, e eu só dizia para
não fazerem isso. O próprio padre falava que não havia motivo para tanto: “Vocês
nunca vão fazer nada. Quem tentar lhes apontar uma arma ficará 15 dias dormente,
imobilizado na rede”.
Ufo — Coronel, essa experiência que o
senhor acabou de descrever teve alguma influência em sua vida, em sua forma de
ver o mundo? Isso aconteceu no final da Operação Prato?
Hollanda — A
Operação Prato foi até quando a Aeronáutica mandou interrompê-la. Esse relato
foi passado ao meu comandante, dizendo tudo a respeito de como foi a coisa.
Posteriormente, o filme foi revelado e assistido no auditório do Quartel General
por vários oficiais.
Ufo — Quais foram as conclusões a que
o senhor chegou, a esse respeito?
Hollanda — Não havia dúvidas. Não tínhamos
visto a forma do objeto na hora em que se deu o avistamento. Só fomos ver depois
da impressão fotográfica. A coisa tinha no alto uma porta aberta, como a de um
Boeing. Não havia ser algum dentro do objeto, na fotografia também não aparecia
nada, exceto um feixe de luz em direção ao barco onde estávamos. Dessa abertura
parecia que alguém focava em nossa direção. Na ocasião, a luminosidade era tão
forte que nos impedia de ver qualquer forma no interior daquela bola azul
enorme.
Ufo — Com uma declaração desse nível,
uma coisa extraordinária como essa, por que o 1º COMAR desativou a Operação
Prato em apenas três ou quatro meses de trabalho?
Hollanda — Olha, talvez
tenha sido por causa da especulação da população. São perguntas que não podem
ser respondidas. Quem são, por exemplo, ninguém sabe. Talvez quem esteja mais
avançado sejam os norte-americanos, os russos. De onde vêm? Não há resposta. O
que eles querem? Também não sabemos. São as três questões feitas e que ninguém
pode responder – o que desmoraliza a Força Aérea e o Governo brasileiro.
Ufo — Mesmo assim, não compensaria à
Força Aérea manter o projeto em busca dessas ou de outras respostas? Por que
fechá-lo?
Hollanda — Se eu fosse o comandante, continuaria. Mas eu só
obedecia ordens, e a ordem era parar. E assim foi cancelada a operação, quer
estivéssemos satisfeitos, quer não.
Ufo — O senhor acatou e bateu
continência, simplesmente? Sem maiores reações?
Hollanda — Sim, pois já
tinha acabado. A conclusão sobre a coleta de material para fazer antídoto,
vacina, solução sorológica que inibisse qualquer incidência de moléstia no corpo
desses alienígenas, a partir do sangue ou do material colhido do corpo humano,
foi exposta quando visitei Rafael Durá, em São Paulo. Depois de uma longa
conversa, mostrei minha opinião. Ele disse que era a mais lógica que ouviu a
respeito do chupa-chupa, porque o que se ouvia era falar em agressão, e eu
discordava: “Não foi agressão de forma alguma. Foi pesquisa ou coleta de
material, como alega Jacques Vallée”. Durá me agradeceu, dizendo: “Foi a
explicação mais lógica que eu ouvi até agora”.
Ufo — Depois que a operação foi
encerrada, o material que vocês coletaram permaneceu em Belém ou foi para
Brasília?
Hollanda — Em Belém. Várias vezes eu tentei escrever um relatório
final, pois o original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se numa noite o
fenômeno se manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Pelo
que eu escrevia, baseado em tudo que via, achava que em Brasília iam me chamar
de louco, pois eles não estavam lá para presenciar.
Ufo — Mesmo depois do encerramento da
Operação Prato o senhor continuou pesquisando, investigando, fazendo suas
vigílias? Teve alguma outra experiência interessante?
Hollanda — Bem, eu
nunca relatei isso. Estou abrindo exceção para vocês, Gevaerd e Petit, em
altíssima confiança, por sua seriedade. Também porque já estou com 60 anos de
idade, daqui a pouco faço 70... Isso se eu chegar lá e não desaparecer antes. Eu
estava em casa, tinha acabado de receber uns livros que solicitei a Bob Pratt –
que me visitou logo no início da Operação Prato –, quando algo aconteceu. Foi
uma coisa surpreendente, que quero relatar com calma.
Ufo — O que
exatamente Bob Pratt queria com o senhor?
Hollanda — Conversar. Ele queria
saber sobre o que tinha havido, porque ele esteve na Ilha dos Caranguejos [Onde
aconteceu um grave caso, meses antes] e eu não sabia da existência desse local
nem do que tinha ocorrido por lá. Depois mandei verificar a área. Outros
ufólogos também me procuraram na época, entre eles o doutor Max Berezowski, o
general Uchôa, um ufólogo argentino cujo nome não recordo, Jacques Vallée e
Reginaldo de Athayde [Co-editor da Revista Ufo] . Nunca mais mantive contato com
Berezowski, mesmo depois de suas cartas e telefonemas. Não tive oportunidade de
conhecê-lo pessoalmente, porque minha mulher não concordou em hospedá-lo em
casa. Jacques Vallée falou comigo anos depois e me deu até um livro de presente.
Ufo — O senhor estava autorizado a declarar
alguma coisa a esses ufólogos naquela época?
Hollanda — Eu conversava com
eles sobre o assunto – eles até viram algumas fotografias. Apenas pedi que
respeitassem minha posição, pois não podia divulgar informação alguma, o que
compreenderam perfeitamente bem. Continuaram trocando correspondências comigo.
Eu era freqüentemente consultado sobre alguns casos, inclusive por ufólogos
internacionais, da Espanha, Estados Unidos etc.
Ufo — Eles mandavam casos para o
senhor analisar e emitir um parecer?
Hollanda — Através de Rafael Durá, de
Osni Schwarz [Nesse instante Uyrangê volta a falar sobre sua experiência ao
receber os livros de Bob Pratt]. Eu lia todos os livros para me aprofundar mais
em Ufologia, humanóides, aparecimentos, abduções, outras coisas, e assim pude me
munir de mais conhecimentos sobre a temática. Já não tinha mais nada com a Força
Aérea, mas continuava interessado no assunto. Sempre empilhava meus livros sobre
uma estante. Um dia, estava deitado, lendo uma obra que não tinha nada a ver com
Ufologia, enquanto minha filha, ainda pequena, lia uma revistinha de criança. De
repente, os livros se deslocaram como se tivessem sido pegos e a pilha inteira
caiu no chão. Ressalto que morava na Vila Militar, bem distante da rodovia, onde
não havia trepidação de carro que justificasse a causa de tal circunstância.
Ufo — Eles estavam empilhados na
vertical, um sobre o outro?
Hollanda — Quando eles bateram no chão, claro
que a pilha desmontou, mas os livros não se espalharam. Eles vieram empilhados
até o chão. Minha filha Daniela assustou-se e perguntou: “Pai, que engraçado...
Como é que os livros caíram?” Nessa mesma hora, minha mulher estava no andar de
baixo, preparando mamadeira para as crianças, quando algo semelhante aconteceu.
A bandeja em que estavam os copos e talheres saiu voando da pia, flutuando por
toda a cozinha, e então caiu, sem quebrar um copo sequer, apesar do barulho de
louça que ouvi de onde eu estava. No momento em que catava os livros do chão,
brinquei com minha filha para que ela não tivesse medo. Coloquei-os no lugar e
falei: “Vocês estão querendo que eu leia”. Então abri um livro numa página
qualquer. Logo em seguida aconteceu o incidente com a bandeja de louças. Pelo
barulho pensei que tivesse machucado alguém, cortado talvez.
Ufo — E o que sua esposa achou disso
tudo, coronel?
Hollanda — Desci as escadas correndo e, nesse meio tempo,
minha esposa vinha subindo com os olhos arregalados, dizendo que não ficaria
sozinha diante daquele fenômeno. Perguntei a ela o que havia acontecido: “Não
sei. A bandeja saiu voando e foi parar no meio da pia”. Eu não entendi muito bem
a história. Levei, então, um copo d'água para ela.
Ufo — E os fenômenos ficaram por isso
mesmo, sem mais nem menos?
Hollanda — Dois ou três dias depois, eu estava
dormindo por volta da meia-noite, quando um novo fato aconteceu. Estava numa
espécie de desligamento, mentalização, deitado junto à minha mulher. De repente,
adentrou meu quarto um clarão muito forte, seguido por um estalido, iluminando
tudo. Assustei-me ao ver um troço tão estranho. Imediatamente, apareceu um ser
atrás de mim, abraçando-me. Achei a situação meio esquisita. Além disso, tinha
outro ser na minha cabeceira, que media 1,5 m de altura e estava vestido com uma
roupa semelhante à de astronauta ou de mergulho.
Ufo — Colante ou
neoprene? Aquele material usado em roupas de surfistas?
Hollanda — Era muito
fofa, não era colada ao corpo. Não cheguei a ver seu rosto, mas era cinza, tinha
uma máscara parecida com a de mergulho, e o olho não dava para detalhar. Eu
estava muito assustado por causa daquele “bicho” que me abraçava e apertava por
trás, sussurrando em meu ouvido em português: “Calma, não vamos te fazer mal”.
Tinha uma voz metalizada, como som de transmissões computadorizadas.
Ufo
— E sua esposa, como reagiu?
Hollanda — Continuou dormindo, sem saber da
presença do “baixinho” que estava em minha cabeceira, apertando-me na cama. Não
gostei da sensação e da atitude dele. Logo em seguida, outro estalido, e o
clarão desapareceu, deixando-me muito assustado.
Ufo — Houve lapso de tempo?
Hollanda — Não me lembro. Fiquei raciocinando se não foi apenas um sonho.
Mas o troço era muito esquisito e eu ouvi os dois estalidos. Não me recordo se
fui beber água. Acho que desci para tomar alguma coisa, whisky, sei lá.
Ufo — Esse fenômeno voltou a acontecer
com o senhor nos dias seguintes?
Hollanda — No outro dia, fui para o quartel
hastear a bandeira e bater continência ao som do Hino Nacional. Minha mulher
sempre fechava o portão da garagem quando eu saía para trabalhar, por causa dos
cachorros e das crianças. Eu tinha um Alfa Romeo azul-marinho naquela época.
Quando meti a chave na porta do motorista para abri-la, a porta do outro lado
abriu-se sozinha, sem ao menos eu ter tocado no veículo. Ao ver aquilo, minha
mulher ficou assustada. Eram muitos fenômenos inexplicáveis que vinham
acontecendo. Olhei para meu suposto companheiro e disse, em tom de gozação:
“Você não vai andar muito. A viagem é curta”.
Ufo — O senhor sentiu alguma coisa,
talvez uma dor de cabeça ou algo assim?
Hollanda — Aí eu me sentei no carro,
e quando estiquei a mão para fechar a porta, ela o fez sozinha. Minha esposa
assustou-se ainda mais. Fui embora, seguindo rumo ao quartel. Ao hastearmos a
bandeira, meu braço esquerdo começou a coçar muito. Eu já estava doido para que
a cerimônia acabasse, pois não podia tirar a mão da pala para me coçar. Quando
olhei para meu braço, ele estava vermelho. Achei aquilo muito esquisito [Até o
dia em que o entrevistamos, em seu braço havia a mesma marca avermelhada].
Ufo — O senhor acha que isso tudo foi
conseqüência do quê?
Hollanda — Calma, já chego lá. Meu braço continuou
coçando. Por curiosidade, num certo dia, apertei a pele e, ao fazê-lo, apareceu
um troço, como se fosse um pedacinho de plástico. No raio-X não apareceu nada.
Mas aperte aqui e sinta. [Ao apertar o local, pudemos sentir alguma coisa
pontuda, que mais parecia uma agulha].
Ufo — Algum outro componente de sua
equipe apresentou qualquer tipo de marca pelo corpo?
Hollanda — Sim, o
Flávio. Descobri isso quando todo mundo quis ver o meu ferimento. Ele também
possuía a mesma marca na perna esquerda, numa das coxas. Ele acabou falecendo
por causa de derrame, em virtude do ferimento na perna. Depois eu conversei com
um médico, amigo meu, para o qual mostrei meu braço. Ele me convidou a ir até o
hospital para fazer exames. Numa das vezes que fui a São Paulo e conversei com
Rafael Sempere Durá, ele pegou uma bússola pequena e pediu permissão para dar
uma olhada, colocando o aparelho sobre a minha pele.
Ufo — Essa é, sem dúvidas, uma
evidência física sem precedentes...
Hollanda — Os ponteiros da bússola
ficaram alterados. Se através de um exame radiológico não se pôde ver
absolutamente nada, comentei com Rafael que queria mandar abrir a pele. Ele me
aconselhou que não o fizesse.
Ufo — Mudando de assunto, o senhor tem
conhecimento de que o Governo brasileiro continua fazendo pesquisas ufológicas,
seja na Amazônia ou em outro lugar?
Hollanda — Pesquisa com determinação,
com base em um programa, acredito que não. Pelo menos não tenho qualquer
informação a esse respeito. Primeiro, porque estou fora, na reserva. Tenho muito
pouco contato com o Ministério da Aeronáutica. Possuo amigos lá, mas nunca ouvi
falar que o órgão tenha ido investigar qualquer tipo de projeto ou
eventualidade.
Ufo — O senhor acredita que deveria
haver um programa de pesquisas ufológicas mantido pelo Governo brasileiro?
Hollanda — Na minha opinião, sim. Eu mesmo tenho minhas razões pessoais para
crer nisso, mas mesmo que não as tivesse, se eu fosse comandante, mandaria.
Ufo — O que o senhor imagina que foi
feito dos documentos e fotografias resultantes dos três meses da Operação Prato?
Hollanda — Creio que tenham sido arquivados, pois não foi dado muito valor a
eles. Não tive conhecimento de qualquer repercussão no Ministério da
Aeronáutica. Quanto às fotografias, não foram enviadas as 500 para eles.
Seguiram apenas as que constavam no relatório e alguns negativos. A maioria
delas ficou conosco, guardada nos arquivos do 1º COMAR, e ninguém mais conseguiu
obter informação a respeito. A seção à qual eu pertencia é onde se encontram
arquivados os quatro filmes batidos e as fitas de vídeo. Na época, o Ministério
da Aeronáutica iria ficar com apenas um rolo, mas confiscou inclusive os outros
três que pertenciam a mim, que foram comprados com meu dinheiro e, assim mesmo,
a Aeronáutica nunca os devolveu.
Ufo — Nunca pensou em guardar um
souvenir desse material?
Hollanda — Não. Veja bem: já falei que adoro a FAB,
ainda mais quando estava lá dentro. Hoje, eu fico de fora, vendo como é que meus
companheiros estão se virando, o que estão fazendo para que ela prospere e
engrandeça. Sempre tive um respeito muito grande pela Força Aérea e pelo meu
serviço. Eu nunca faria isso com ela. Fiquei calado por 20 anos. Durante esse
período, fui consultado várias vezes para que escrevesse ou prestasse alguma
declaração.
Ufo — Coronel, o senhor se recorda que
publicamos umas fotografias nos anos 80 sem sua autorização? Isso trouxe algum
problema para o senhor?
Hollanda — Trouxe sim, muitos embaraços. Eu fui
mandado a Brasília para investigar por que aquilo tinha sido vazado, como aquela
história tinha se tornado pública. Como o carimbo da Aeronáutica estava exposto,
já que naquela época eu era o chefe dessa operação, como é que aquilo saiu?
Ninguém foi punido por isso, pois a verdade sobre como as coisas vieram à tona
nunca foi descoberta.
Ufo — O senhor acredita que a
publicação dessa matéria na Revista UFO, na íntegra, pode causar mais embaraço?
Hollanda — Hoje não. Minha missão foi cumprida. Minha carreira se esgotou
após 36 anos de trabalho. Quanto à liberação dos documentos para o público, isso
já é decisão do comando. Se liberarem, irão surgir muitas indagações que o
Ministério da Aeronáutica e Governo não estão aptos a responder. Para evitar
constrangimentos, não se fala nada. Uma vez eu estava assistindo a um programa
do apresentador Flávio Cavalcanti. Num interrogatório sobre esse assunto, um
cara perguntou por que os UFOs não pousam no Maracanã para todo mundo ver? Se
acontecer um caso desses, um pouso na Esplanada do Planalto, por exemplo, aí não
tem jeito. Acredito que num futuro próximo “eles” possam ser até um pouco mais
abusados. Do jeito que está, em menos de um ou dois anos, acontecerá um contato
claro, aberto para toda a população, que será transmitido pelas televisões do
mundo.