UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO, Stephen Hawking, 1988.
UMA BREVE HISTÓRIA DO
TEMPO, Stephen Hawking, 1988. DO BIG BANG AOS BURACOS NEGROS
Editora Rocco, 1988.
INTRODUÇÃO
Em nosso cotidiano não entendemos quase nada do mundo. Pouco pensamos no mecanismo que gera a luz do Sol e possibilita a vida; na gravidade, que nos cola a uma Terra que, de outra forma, nos lançaria em rotação pelo espaço; ou nos átomos de que somos feitos e de cuja estabilidade dependemos fundamentalmente. Com exceção das crianças (que não sabem o suficiente para não fazer senão perguntas importantes) poucos de nós gastamos muito tempo considerando por que a natureza é do jeito que é; de onde surgiu o cosmo, ou se ele sempre existiu,...
Em nossa sociedade não é incomum que pais e professores respondam à maioria destas perguntas com um dar de ombros, ou apelando para conceitos religiosos vagamente lembrados. Alguns não se satisfazem com este tipo de atitude, porque elas expõem visceralmente as limitações da compreensão humana.
Grande parte da filosofia e da ciência foi impelida por estes questionamentos. Um número crescente de adultos começa a ousar formular perguntas deste gênero e ocasionalmente recebe respostas surpreendentes. Eqüidistantes dos átomos e das estrelas, expandimos nosso horizonte explanatório para alcançar o conhecimento tanto dos fenômenos menores quanto dos maiores.
Na primavera de 1974, aproximadamente dois anos antes de a nave Viking chegar a Marte, eu estava numa reunião na Inglaterra, promovida pela Royal Society de Londres para discutir a maneira de levar a cabo pesquisas sobre a vida extraterrena. Durante a pausa para o café, descobri que um encontro muito mais concorrido estava se realizando no auditório ao lado, onde, movido pela curiosidade, entrei. Percebi imediatamente que testemunhava um velho ritual, a investidura de novos membros da Royal Society, uma das mais antigas instituições acadêmicas do planeta. À minha frente um jovem, numa cadeira de rodas, vagarosamente assinava seu nome no livro que registrava nas primeiras páginas a assinatura de Isaac Newton. Quando finalmente ele terminou, houve uma grande ouvação. Stephem Hawking já era, então, uma lenda.
Hawking atualmente é o professor Lucasiano de Matemática na Universidade de Cambridge, cargo anteriormente ocupado por Newton e mais tarde por Dirac, dois célebres exploradores dos universos macro e micro, e de quem é um digno sucessor. Este primeiro livro de Hawking para não-especialistas é um prêmio (ou vários) para a platéia leiga. Tão interessante quanto o amplo conteúdo do livro é a percepção do pensamento do autor que ele oferece. Aí estão revelações lúcidas sobre domínios da física, astronomia, cosmologia e coragem.
É também um livro sobre Deus... ou, talvez, sobre sua ausência. A palavra Deus invade suas páginas. Hawking embrenhou-se numa busca profunda para responder à famosa colocação de Einstein sobre a possibilidade de escolha que Deus possa ter tido para criar o universo. Hawking, como ele mesmo afirma explicitamente, tenta compreender a mente de Deus. Isto torna a conclusão deste esforço completamente surpreendente: o universo sem limite no espaço, sem começo ou fim e sem nada que um Criador pudesse fazer.
Carl Sagan
Cornell University, Ithaca, New York
Editora Rocco, 1988.
INTRODUÇÃO
Em nosso cotidiano não entendemos quase nada do mundo. Pouco pensamos no mecanismo que gera a luz do Sol e possibilita a vida; na gravidade, que nos cola a uma Terra que, de outra forma, nos lançaria em rotação pelo espaço; ou nos átomos de que somos feitos e de cuja estabilidade dependemos fundamentalmente. Com exceção das crianças (que não sabem o suficiente para não fazer senão perguntas importantes) poucos de nós gastamos muito tempo considerando por que a natureza é do jeito que é; de onde surgiu o cosmo, ou se ele sempre existiu,...
Em nossa sociedade não é incomum que pais e professores respondam à maioria destas perguntas com um dar de ombros, ou apelando para conceitos religiosos vagamente lembrados. Alguns não se satisfazem com este tipo de atitude, porque elas expõem visceralmente as limitações da compreensão humana.
Grande parte da filosofia e da ciência foi impelida por estes questionamentos. Um número crescente de adultos começa a ousar formular perguntas deste gênero e ocasionalmente recebe respostas surpreendentes. Eqüidistantes dos átomos e das estrelas, expandimos nosso horizonte explanatório para alcançar o conhecimento tanto dos fenômenos menores quanto dos maiores.
Na primavera de 1974, aproximadamente dois anos antes de a nave Viking chegar a Marte, eu estava numa reunião na Inglaterra, promovida pela Royal Society de Londres para discutir a maneira de levar a cabo pesquisas sobre a vida extraterrena. Durante a pausa para o café, descobri que um encontro muito mais concorrido estava se realizando no auditório ao lado, onde, movido pela curiosidade, entrei. Percebi imediatamente que testemunhava um velho ritual, a investidura de novos membros da Royal Society, uma das mais antigas instituições acadêmicas do planeta. À minha frente um jovem, numa cadeira de rodas, vagarosamente assinava seu nome no livro que registrava nas primeiras páginas a assinatura de Isaac Newton. Quando finalmente ele terminou, houve uma grande ouvação. Stephem Hawking já era, então, uma lenda.
Hawking atualmente é o professor Lucasiano de Matemática na Universidade de Cambridge, cargo anteriormente ocupado por Newton e mais tarde por Dirac, dois célebres exploradores dos universos macro e micro, e de quem é um digno sucessor. Este primeiro livro de Hawking para não-especialistas é um prêmio (ou vários) para a platéia leiga. Tão interessante quanto o amplo conteúdo do livro é a percepção do pensamento do autor que ele oferece. Aí estão revelações lúcidas sobre domínios da física, astronomia, cosmologia e coragem.
É também um livro sobre Deus... ou, talvez, sobre sua ausência. A palavra Deus invade suas páginas. Hawking embrenhou-se numa busca profunda para responder à famosa colocação de Einstein sobre a possibilidade de escolha que Deus possa ter tido para criar o universo. Hawking, como ele mesmo afirma explicitamente, tenta compreender a mente de Deus. Isto torna a conclusão deste esforço completamente surpreendente: o universo sem limite no espaço, sem começo ou fim e sem nada que um Criador pudesse fazer.
Carl Sagan
Cornell University, Ithaca, New York
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